28 de mai. de 2009

Indiferença


O que é indiferença? 

Um costume, uma forma de sobreviver, um mecanismo de defesa, medo, egoísmo? O fato é que todos nós, de uma maneira ou de outra, somos indiferentes a muitas coisas, realidades, fatos, pessoas e até em relação a nós mesmos. 

A indiferença tem um poder devastador. Ela é a companheira doentia do dominador e do opressor, também dos que pre-ferem as desigualdades, a violência, o ódio e a morte. Os indiferentes, de uma forma ou de outra, ferem, rejeitam, excluem, matam. Está correta a conclusão: o contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença. Sem dúvida é desgastante, e por vezes desmoralizante, tais são a inércia e os obstáculos com que diariamente nos confrontamos, mas penso que vale a pena realizar sonhos, vamos todos sonhar e acredito que conseguiremos. Este é o nosso dever: amanhã os nossos filhos viverão num mundo melhor se, desde já e sem ambiguidades, assumirmos este dever, embora com mil dificuldades e incertezas – ainda mais agravadas hoje em dia pela crise econômica, para já não falar da insensibilidade decorrente da cultura da indiferença e do egoísmo e do famoso e mortífero “vírus da ganância”. 

Sinto que podemos, e devemos, vencer o contrassenso que são a pobreza e a miséria. Sinto vergonha sempre que vejo uma mão estendida. Mais do que nunca quero sonhar que é possível a sobrevivência da nossa sociedade. São as nossas dignidades e honra de seres humanos que estão em jogo. O ter é ilusão, é pura aparência, é efemeridade, indiferença, intolerância, enfermidade e solidão. O ter não tem esperança porque se esgota nele próprio, alimenta-se de si próprio, exigindo sempre. Ser é humanidade, consciência social, livre arbítrio, liberdade, igualdade, fraternidade, solidariedade, cultura, preocupação ambiental, ecumenismo, tolerância, aceitação e preocupação com o outro. Era uma vez um escritor que morava numa praia tranquila, numa colônia de pescadores. Todas as manhãs ele passeava à beira-mar para se inspirar e, à tarde, escrevia. 

Um dia, enquanto caminhava pela praia, percebeu a silhueta de alguém que parecia dançar. Quando se aproximou, viu um jovem apanhar estrelas-do-mar na areia e a lançá-las no mar. “Por que estás a fazer isso?”, perguntou o escritor. “A maré está baixa e o sol está quente. As estrelas vão secar ao sol e morrer se ficarem aqui na praia.” “Mas, jovem, existem milhares de quilômetros de praias por este mundo e centenas de milhares de estrelas-do-mar espalhadas pelas suas areias. Lançar algumas de volta ao mar, que diferença faz? A maioria vai morrer de qualquer maneira...” O jovem pegou mais uma estrela na areia e atirou-a de volta ao mar. Depois olhou para o escritor e disse: “Para esta, eu fiz a diferença”! 
Antonio Roberto

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